segunda-feira, 1 de março de 2010

Tentando voltar a escrever

Perder o ritmo é complicado. Até tive várias ideias pro blog nessas férias, mas qualquer dificuldadezinha me desanimava. É complicado não ter estímulos, não ter resultados. Viver movido a sonhos requer uma alma maior que a minha.

Também me pergunto constantemente o que devo e o que não devo postar aqui. O blog não é estritamente literário, ou seja, não é só de textos artísticos. O blog é pessoal, voltado para minha literatura. Então deveria entrar um texto de vez em quando e frequentemente minhas referências artísticas (filmes, livros, músicas).

A teoria literária contemporânea não liga mais pra vida do autor (embora essa tradição resista ainda). Mas seja como teórico (sim, diferente dos acadêmicos normais, eu gosto de inventar minhas teorias, não apenas copiar), seja como autor, acredito que certos fatos são importantes, só ainda não defini quais são esses fatos, qual sua natureza.

Um deles é seu relacionamento com seres humanos. O Byron era um pervertido e isso explica Dom Juan, não é disso que estou falando. Nessas férias não aconteceu muita coisa, claro que houve novas experiências, mas não interessam aqui. O caso é que o Japa fez a melhor leitura da minha obra que alguém já fez, ou, pelo menos, o melhor comentário. Não lembro as palavras exatas dele, mas em resumo disse que sou perturbado e que minha literatura é atravessada de pessimismo e crueldade, não tendo nenhum final feliz, mas sim incontáveis inconclusões. Ele chegou mesmo a apontar questionamentos filosóficos que eu fiz, foi uma conversa muito boa. Ele é um grande leitor, já lia montes de livros quando eu estava só no gibi e fez mesmo uma leitura única.

A questão da pluralidade de leituras é legal, mas é complexa demais. Se você entende, não preciso explicar. Se você não entende, não adianta eu explicar aqui. Se você poderia entender, seria necessário um artigo enorme, fique só com o conceito: a interpretação é produzida pela reunião de vários fatores: o contexto, os conhecimentos de mundo, até seu estado físico e emocional, entre outras coisas. Sendo assim, toda leitura é única. Quando especifiquei enfocando anteriormente, estava partindo da premissa de que algumas leituras convergem, por exemplo, por grupos, enquanto algumas são realmente mais raras. Meus colegas podem fazer suas leituras parecidas, mas um sujeito que foi meu melhor amigo tem seu diferencial.

Talvez um dia eu escreva artigos pra colocar aqui. Tenho ideias. Muitas ideias. Mas minha alma é tão pequena...

Tudo isso não é sem propósito. Não se discursa sem intenção, não se faz nada sem intenção. Uma introdução espalhafatosa e melodramática pra dizer que preciso de um leitor. Todo escritor precisa de um leitor.

Não na questão funcional e comercial: autor/produtor – livro – leitor/consumidor. O escritor precisa de um leitor de originais. De alguém que dê retorno. Alguém que quando você morrer deprimido pedindo que tudo que escreveu seja queimado, se negue e ainda faça uma publicação póstuma. Claro que nem todo mundo merece isto, mas a questão do retorno é necessária. Há pessoas que gostam de ler minhas coisas (se não são sinceros, merecem mesmo ter o saco enchido), mas mesmo eles correspondem às minhas expectativas de retorno. Não pense que é questão de elogios, mas de críticas também, de opiniões embasadas.

Há, não nego, indivíduos que saem atirando poemas pela rua, pregando em postes, quadros de avisos e se contentam em serem lidos. Eu não faço questão de ser lido, tenho ciúmes de tudo que faço e abro em raras ocasiões, quero mais é um comentário, uma indicação de que estou indo pelo caminho certo ou o contrário.

Ou isso é só frescura momentânea porque me sinto só.

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